Articular a temática do envelhecimento e a questão da sexualidade é, certamente, uma questão complexa, mas muito necessária, sobretudo na atualidade.
Com o advento da longevidade, várias transformações, em diferentes esferas, nos atravessam diariamente como a questão da afetividade, de uma maneira geral, e a expressão e vivência da sexualidade, principalmente. Compreender que ao envelhecer as possibilidades de continuidade ou, até mesmo, de aumento de prazeres podem expressar-se é urgente, é saudável, é político e é uma questão humana.
Sexualidade heterossexual
Conheço vários relatos de homens héteros que se preocupam com sua potência sexual e fazem uso, algumas vezes exagerado, de medicamentos como o viagra, por exemplo, antes de suas relações sexuais. Muitos querem impressionar suas parceiras e “dar duas ou três” por noite. Afinal, o que vale é quantidade e não a qualidade.
Será mesmo? Por outro lado, a maioria das mulheres reclamam que precisam de muito mais do que a penetração para sentir prazer, ou seja, as preliminares, o envolvimento e o contato corporal por todo o corpo e os próprios jogos eróticos podem potencializar seu prazer. O prazer do homem é no ato, o da mulher é no todo, é no processo. Como se entender? Oremos. Batuquemos!
Mulheres, botox e silicone
Perguntei a 10 amigas, de diferentes idades, se fariam alguma modificação no rosto ou em alguma parte do corpo. Nove delas afirmaram que sim. Além disso, a questão do cabelo comprido também foi valorizada como potência e empoderamento feminino.
Sério isso? Ainda? Ao contrário disso, eu compreendo a expressão das feminilidades muito mais ampla do que recursos biológicos e físicos. Não somente a questão da inteligência, mas também a atitude e o posicionamento das mulheres perante a vida e a sociedade. Para mim, uma mulher é muito mais interessante pela sua conversa e atitude frente à vida do que os seios empinados, o rosto “congelado” ou os cabelos pela cintura.
Envelhecimento LGBT
Onde estão os gays, as lésbicas, os/as trans depois dos 40, dos 50 anos? Como vivem? Em quais espaços circulam? São bem tratados por suas famílias? E pelos profissionais e sistema de saúde?
As políticas públicas contemplam essa população? Como vivem e expressam sua afetividade? Sentem-se seguros na sociedade?
Algumas dessas questões eu respondi em minha tese de Doutorado em Educação, na UFRGS, em 2013, a qual nomeei “Bloco das Irenes – homossexualidade e o processo de envelhecimento”, disponível virtualmente no site da biblioteca da UFRGS. A maioria dos meus entrevistados, todos homens gays, sentia-se solitária, tomava medicação e fazia terapia para poder (sobre)viver.
A vivência da espiritualidade e o apoio emocional de um grupo de amigos foram fundamentais para manter uma qualidade de vida, mínima, e a saúde mental em dia.
Na velhice, não podemos voltar para o armário ou para o gueto. A vida é hoje, e os /as mais velhos/as devem ter prioridade. Direitos sexuais também são Direitos Humanos!